Encontro falso, 6 cativeiros e corpo enterrado 2 vezes: detalhes morte de Jéssica em Braço do Norte
A denúncia apresentada pelo Ministério Público de Santa Catarina à Justiça deu detalhes do assassinato de Jéssica da Rosa, jovem sequestrada e torturada pela ex-sogra e atual do ex-companheiro, em Braço do Norte, no Sul catarinense.
Conforme exposto pela denúncia, Márcia Dias da Fonseca (ex-sogra), de 41 anos, e Erica Moraes (atual do ex), de 28, marcaram um encontro com a vítima através de um perfil falso, no dia 21 de janeiro.
No momento do encontro, as duas bateram com o carro que dirigiam contra a bicicleta em que Jéssica estava e, em seguida, a sequestraram.
Após o sequestro, ela foi mantida em cárcere privado até o dia 23 de janeiro, onde passou por cerca de seis lugares entre casas, grutas e sítios nas cidades de Braço do Norte, Grão-Pará, Orleans e Rio Fortuna, todas no Sul catarinense.
Durante esses três dias, Jéssica foi agredida incessantemente, proibida de beber água ou se alimentar. Em certo ponto, ela foi amarrada e amordaçada enquanto recebia mais surras.
Conforme a delegada do caso, Jucinês Ferreira, um dos acusados revelou que o aparelho dentário da vítima estava totalmente colado à boca dela.
Ainda segundo a denúncia, Jéssica foi morta no dia 23 de janeiro, quando o companheiro da ex-sogra a estrangulou com um mata-leão. Aristides Aparecida (companheiro de Márcia), de 37 anos, alegou ter sentido pena da vítima e decidiu acabar com o sofrimento dela.
Cadáver ocultado duas vezes
O MP apontou que o corpo de Jéssica foi ocultado em dois lugares e em momentos distintos. No dia da morte, ela foi enterrada em um sítio localizado em Braço do Norte.
Depois disso, já com a participação de Josuel Roque (ex-cunhado),de 34 anos, o corpo foi desenterrado e transportado para um local com mata fechada, de difícil acesso.
Lá, o cadáver foi envolto em um material plástico e um cobertor, cerca de 50 quilos de cal foram depositados para acelerar o processo de decomposição.
Denúncia aceita
Na segunda-feira (24), a denúncia contra os quatro investigados foi aceita pela Justiça de Santa Catarina. Sendo assim, eles se tornaram réus na ação penal, na qual terão amplo direito à defesa e ao contraditório.
Três suspeitos, Márcia, Erica e Aristides, foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, recurso que dificultou defesa da vítima e tortura/asfixia) e ocultação de cadáver.
Já um quarto suspeito, Josuel Roque, foi denunciado por ocultação de cadáver e coação no curso da investigação. Ele teria ameaçado Aristides para que assumisse sozinho a prática dos crimes.
Perfil falso e desavenças
Segundo a denúncia, o crime teria sido cometido por motivo torpe, pois Márcia e Erica teriam desavenças anteriores com Jéssica.
O ex-companheiro da vítima, Adrian Roque, por exemplo, foi preso por ter incendiado a casa da ex, o que levou as duas a culparem a jovem pela prisão.
Outra motivação teria sido a existência de um suposto perfil falso em uma rede social, em tese criado por Jéssica em nome de Erica, com o intuito de atrapalhar o relacionamento dos dois.
Aristides, companheiro de Márcia, por sua vez, teria aderido às motivações das possíveis coautoras.
A reportagem não localizou a defesa dos denunciados até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.
Fonte: Nd+